sábado, 24 de fevereiro de 2007

Que cor você é ???

O pardo é um branco meio negro ou um negro meio branco?

Somar pardos e negros seria apenas um erro metodológico do IBGE (ou rotina acadêmica juntá-los e chamá-los de negros) poderia deixar isso passar de qualquer jeito se não estivesse prestes a provocar uma injustiça sem tamanho. Porque todas as políticas de cotas e ações afirmativas se baseiam na certeza estatística de que os negros são 64% dos pobres, quando, na verdade, eles são apenas 7%. Os negros terão vantagens. Os pardos, não.
Na hora de justificar as cotas, os pardos são usados para engrossar (e como!) os números. Na hora de participar do benefício, são barrados. E Por que os pardos são usados para justificar as cotas, e tem que ficar fora delas (isso não e injustiça?!). Muitos inscritos são barrados na hora de conseguir uma bolsa porque suas fotos denunciavam que eles não cumprem determinadas exigências: não tem a pele negra, nem o nariz achatado e nem cabelo pixaim. Eram todos pardos o que os deixa a regalo da própria sorte, e além dos desses, 19 milhões de brancos pobres.
A cor não impede ninguém de entrar na universidade. O que impede é a pobreza, ao impor um ensino médio ruim, seja a negros, pardos ou brancos. A cota mínima de até 40% das vagas para a população negra e parda relativas aos cursos de graduação em Universidade, para mim parece redundância, são utilizados para engrossar estatísticas sendo vistos nesta hora como uma única classe, mais perante a lei, negro e sinônimo de preto e pardo e pardo mesmo (mistura de brancos, negros, índios, europeu... etc).
Afinal, no vestibular, entraram muitos pardos com nariz afilado, cabelos lisos e pele em tons claros e ninguém discute que as cotas raciais são para pretos e para pardos? Difícil conciliar! E somos uma nação amplamente miscigenada.
Como o pardo tem de ser, necessariamente, o resultado do casamento entre brancos e negros, o número de brasileiros com algum negro na família é necessariamente alto. Isso seria a prova de que somos uma nação majoritariamente livre de ódio racial, e todos em sua maioria são pardos.
A Política de cotas raciais é extremamente prejudicial e injusta.
Em todas as universidades que instituíram políticas assim há discussões antes não conhecidas entre nós: negros acusando uns nem tão negros assim; pardos tentando provar que o cabelo pode não ser pixaim, nem a pele negra de se beneficiaram indevidamente de cotas; e por outro lado brancos se sentindo excluídos mesmo sendo tão pobres quanto os candidatos negros beneficiados pelas cotas. Corremos o sério risco de, em breve, ver no Brasil o que nunca houve, o ódio racial.
O certo é o simples: instituir cotas não raciais, mas baseadas na renda. Assim, pobres, que hoje não chegam à universidade, seriam incluídos. Sejam negros, pardos ou brancos.


Dados baseados na obra de ALI KAMEL (jornalista)


Fonte: Jornal O Globo e [O Globo On-line].